2. J.M - The world as I see



Lembro-me de uma manhã, que me vieste buscar, super cedo! Disseste que querias aproveitar o maior tempo possível comigo e que íamos ter um dia em grande. Ridiculamente, eu nem consegui dormir essa noite em condições, era o primeiro dia que iríamos ficar o maior número de horas juntos e só queria que essa manhã chegasse. 
Aí mandaste mensagem a avisar que estavas cá fora à minha espera, na maior rapidez que consigo pego na minha mochila, primeiro verifico se tenho tudo lá dentro e tudo conferia! Fechei-a e coloquei-a bem firme sob os meus ombros. Olhei de relance para a minha mãe, ela estava visivelmente ensonada e com os olhos muito esbugalhados, persentia o receio dela mas não entendia o porquê... se ela me via feliz, porquê aquela atitude! Não queria fazer-te esperar mais, então dei um beijo à minha mãe e disse que viria antes das 20h como combinado, ela assentiu calada e abanando apenas com a cabeça. 
Corri até ao meu portão o máximo que pude que tropecei a chegar na porta do teu carro, eu ri-me e tu abanaste a cabeça, como sinal de reprovação. Abri a porta do carro, olhaste-me! Olhaste-me de cima a baixo, aí sentei-me no banco e analisaste-me novamente detalhe a detalhe. Sentir-me observada por ti era das melhores sensações, estava à espera que me elogiasses, mas só disseste "Não gosto de batom nas gajas!". Ri-me e disse "Ok, eu não sabia. Pensei que ias gostar." e ri-me e tentei beijar-te, afastaste-te mas não tardaste em ceder. Depois do beijo, limpaste a marca do meu batom nos teus lábios e aceleraste o carro.
Não sabia que o efeito do batom fazia-te tão mal, então fiquei com vergonha de o estar a usar. Tentei virar-me pro lado da janela para o tirar sem te aperceberes. Demorei imenso tempo e aí deste-me a mão, eu olhei para ti e sorri e tu também. Acho que estava tudo bem. 
Sabes, desde que te visse a sorrir eu esquecia tudo. Tu tornaste o meu horizonte. E o que via, a partir do momento que te conheci, eras tu! 
Se sorrir e, ver-te sorrir, envolvesse os múltiplos sacrifícios e exigências então eu faria... como por exemplo, eu nunca mais usar batom. Ficarias contente? Então eu também. E assim eu amava-te cegamente e sem pedir nada em troca. 
Para além do teu sorriso, tu levaste-me abruptamente para o teu mundo, onde tudo à tua volta é teu e eu sou tua! 
Pensei que um abraço de alguém que amamos é sinónimo de segurança, mas contigo não era isso que me davas em troca, era a tensão e depois a posse! E eu aceitei, tal como fiz com o batom, removi as minhas conceções e moldei-me às tuas. 
E que tola que fui, também pensava que o amar alguém fazia-nos sentir em "casa" e o que me deste? Foi um templo, onde tu estavas num altar. Permitiste-me que entrasse e, ali, era onde confessava os meus pecados, onde tu julgavas os meus erros e eu ajoelhava-me para pedir-te perdão. Eu era uma pecadora, uma submissa e ansiava para que um Deus como tu, sim tu Rodrigo, me visses como única, extraordinária e com valor para ti! Aí tu aceitaste, mas eu teria de aceitar nunca olhar para lugar algum, mas apenas para ti lá em cima no altar. 
E eu aceitei, Rodrigo! 

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