No bolso de trás


Na minha mão estarias mais gasta... não cheia de pó, mas sim cheia de nada.

Levar-te-ia comigo como quem leva uma taça, ninguém te toca apenas eu, todos vêem mas e eu?! Eu nunca te iria deslumbrar e observar ao detalhe os teus traços. Acabaria por perder a noção do peso que emanas, passando a descurar do teu cheiro e o trágico surgiria: seres o nada. Não fiques espantada, és o nada que te prometi entrelinhas!

Prefiro guardar-te bem no bolso de trás das minhas velhas e gastas calças. Amordaçada por fibras de ganga ou outro sintético qualquer, de modo a que eu saiba que continuas ali! A verdade é que continuas, sem tirar nem por!

Dobro, desdobro e volto a dobrar e aí tornaste tão pequenina ... meu Deus eu tenho-te sempre! Sempre ... até as dobras se gastarem, o papel ceder, a cor esmorecer e tu não seres tu...

quem és tu?

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