1: A.L - Someone like you



Fins de outubro, vento raro e o sol a pôr-se.
Tu estavas a conduzir e sorrias, aquele sorriso que nunca alguém conseguiu dirigir-me. Belo, encantador, sedutor e todos as múltiplas definições e sinónimos clichés e baratos que possas ouvir... mas não o defino-o dessa forma, sabes? 
Vou-te explicar da melhor forma a caracterização mais próxima daquela curva do teu rosto, daquela gargalhada. E porquê? Porque foi esse mesmo sorriso que desencadeou tudo... 

Mesmo que o negues, eu sei que tu escolhias a dedo as músicas na tua playlist e aumentavas o volume nas especificas partes. Essas que serviram para todos os teus imensos e longos shows tão egocêntricos! Rias de novo e olhavas para mim, à espera de um elogio, aí eu congelava como nada se movesse: apenas tu! Tu sempre afirmaste a pés juntos que dominavas todos os dotes vocais existentes e que simplesmente arrasavas, eras tonto... e egocêntrico, já te disse? 
Eu nunca liguei àquelas tuas atuações, não que não gostasse, mas havia sempre algo em que prestava mais atenção e me perdia... mergulhava e voltava de novo à tona para manter as coisas mais "normais" mas de novo mergulhava em ti... mergulhava naquele teu sorriso! 
Eu queria olhar-te caramba. Queria olhar-te, abrandar cada movimento da tua boca, daquele teu sinal perto do nariz a subir quando sorrias... analisar os teus olhos pequenos que se tornavam ainda mais pequenos quando sorrias e voltar! Voltar para o teu sorriso, os teus lábios que ao contrário dos teus olhos eram grandes, carnudos... e sorrias! 
Queria lá saber as músicas que cantavass, eu queria era tornar aquele momento lento até tornar cada palavra proferida por ti em sílaba a sílaba, letra a letra, som a som, fonética a fonética, tornar a tua sintaxe toda alterada e nem ligar para a semântica que se exigia nas músicas que cantavas. Estudar a física, a força que exercias ao comprimir os lábios... o teu respirar, os movimentos inconstantes, mas que procurava instintivamente por padrões, só para ficar por ali... 
E o mais difícil de tudo, é que eu senti o teu sorriso a beijar-me o rosto, senti-o a afagar o meu cabelo, senti-o a tocar-me na pele, a arrepiar-me... tu sentiste-me! Sentiste-me e dedilhaste cada sensação e eu vibrei contigo: Sorriste e eu sorri com o corpo, com a alma e com o coração. 
E aí, aí tiveste-me, garantidamente! 

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