Amigos...
A pedra
está molhada, sinto a água a escorrer pelos meus dedos … passo depressa as mãos
na ganga das calças para as secar.
Tu, estás
aqui!
Vejo uma
imensidão de ramos de flores, e ali estão as rosas encarnadas, as tais que gostavas.
Não consigo sentir a tua pele quente onde o sangue passava tão pulsante e
enérgico. Agora és definida pelo silêncio e um monte de perfumes de flores.
Não, tu não
estás ali!
Foste tão
rápido e sem aviso! Podias dizer-me “Eu vou agora! Seguras-me a mão e tiras-me
da solidão ou ficas sem querer ver-me?” Tu podias dar-me essa opção e partilhares
a verdade comigo.
Mas tu
foste!
Subo pela
pedra e desvio as flores - sabes não trouxe nenhuma para ti! – por detrás do
molho de orquídeas roxas eu consigo ver o teu rosto numa fotografia em tons sépia.
“Aqui jaz, Juliana Vaz, querida e amada filha. Eterna saudade da
família e amigos.”
Amigos! –
ressoou-me na cabeça - eu deixei-te
aqui, debaixo da terra, sem nada! Eu deveria oferecer-te casa, mesmo que
modesta. Dar-te o meu colo, o meu ombro e qualquer pedaço meu para te consolar,
mesmo que as minhas pernas me doam ou que acabe de cair no sono quando precisares
desabafar.
Tudo isto é
uma grande tarefa, mas mal nos conhecemos juramos que seria essa a nossa promessa,
mas foi esta a inauguração?
Desculpa! As
minhas pernas tornaram-se bambas e caí. O sono tomou conta de mim e tu sais-te!
E acabaste
aqui! Agora mesmo onde estou, debaixo desta pedra molhada, da terra pesada!
E, é aí que
jazes tu!
Prometo-te
corrigir o meu erro e não o perseguir.
E aí sinto
o pulsar do coração na nossa mão, mesmo que gelada!
Amigos…
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